Visitem os ícones: "Páginas"

Em cada ícone "PÁGINAS", ainda em construção, tem parte da minha "arte" antes de chegar ao Drupismo. Apreciem! Agradecidamente, Lee Kauê.

500 ANOS... PRA QUÊ?


Quinhentos anos pra quê?
(Por Dicássia)

Para nos dizer descobertos quando ainda nos desconhecemos?

Ou para nos dizer catequizados, aculturados, condenados a sermos eternamente colonizados?

São quinhentos anos de uma pátria que não se sabe, habitada por uma gente que não se diz, governada por um tanto que não se compenetra.

Ainda querem dizer que estamos acabando com nosso verde? Qual verde – o das matas?

O das matas e o da esperança já se foram há muito! Somos novos. Não carregamos séculos de cultura.

Por que matamos a cultura secular de nossos índios e de todos os nossos outros ancestrais.

Porque vestidos nos achamos mais bonitos e por isso desprezamos o que é mais simples. Nós somos nada.

Nós somos o que restou de um povo destruído por outro povo que buscava depois de ter sido destruído por outros povos que se buscavam...

É cíclico. É mesquinho. É passível de quebra – querem nossas consciências.

E sabemos que só a nós cabe a quebra desse ritmo insano que treslouca nossa existência.

Podemos mudar nosso rumo e refazer nossa história. Podemos fazer nossa história.

E permitir à nossa cultura uma existência plena de saberes e questionamentos. Enquanto tivermos sede de saber, viveremos.

É eterno. E por ser eterno, é precioso, é caro, e requer cuidados vários.


Saber cuidar da terra, dos homens e de suas almas. Educá-los a querer bem ao chão que pisam e ao ar que respiram.

Quinhentos anos de tentativas úteis ao amadurecer de alguns poucos que entendem que nossa pátria só precisa de patriotas que saibam e queiram viver.

(Dicássia)













Ficha Catalográfica da Obra

nome da obra: “500 anos... Pra quê? I”
tamanho: 40x60cm/ técnica: gesso sobre madeira/ data: 2000
pintura de: Lee Kauê
poesia de: Sílvia de Cássia

não eras 
b r a s i l
mas eras
p l e n o










Ficha Catalográfica da Obra

nome da obra: “500 anos... Pra quê? II”
tamanho: 40x60cm/ técnica: gesso sobre madeira/ data: 2000
pintura de: Lee Kauê
poesia de: Sílvia de Cássia

descobriram-te
a m a r e l o
teu ouro
 t e u   s e r










Ficha Catalográfica da Obra

nome da obra: “500 anos... Pra quê? III”
tamanho: 40x60cm/ técnica: gesso sobre madeira/ data: 2000
pintura de: Lee Kauê
poesia de: Sílvia de Cássia

admiraram teu céu
e nele viram
as possíveis vidas
que o homem


q u e r   t e r








Ficha Catalográfica da Obra

nome da obra: “500 anos... Pra quê? IV”
tamanho: 40x60cm/ técnica: gesso sobre madeira/ data: 2000
pintura de: Lee Kauê
poesia de: Sílvia de Cássia

e  te 
fizeram
Brasil









Ficha Catalográfica da Obra

nome da obra: “500 anos... Pra quê? V”
tamanho: 40x60cm/ técnica: gesso sobre madeira/ data: 2000
pintura de: Lee Kauê
poesia de: Sílvia de Cássia

mas te 
machucaram
e te tiraram
a  paz










Ficha Catalográfica da Obra

nome da obra: “500 anos... Pra quê? VI”
tamanho: 40x60cm/ técnica: gesso sobre madeira/ data: 2000
pintura de: Lee Kauê
poesia de: Sílvia de Cássia

escureceram teus
claros
ocuparam teus
vagos
mancharam teu

rosto











Ficha Catalográfica da Obra

nome da obra: “500 anos... Pra quê? VII”
tamanho: 40x60cm/ técnica: gesso sobre madeira/ data: 2000
pintura de: Lee Kauê
poesia de: Sílvia de Cássia

destruíram teu ser
apagaram teus
contornos
t e   f i z e r a m
sofrer











Ficha Catalográfica da Obra

nome da obra: “500 anos... Pra quê? VIII”
tamanho: 40x60cm/ técnica: gesso sobre madeira/ data: 2000
pintura de: Lee Kauê
poesia de: Sílvia de Cássia

e  te  deixaram
e n t r e    s u s p i r o s
e entre galhos
ressequidos

a sangrar










E por que não?
(Por Majô de Souza)

Quando Lee Kauê e Dicássia pintaram e escreveram esta obra, pensei: realmente, 

pra que relembrar uma parte da história do Brasil e justamente os 500 anos de invasão

 – ou descobrimento, como queiram – expondo nossas amarguras made in Brazil ou as que nos impõem outros poderosos mundiais?

Ao ver a obra, mudei de idéia! É muito mais que belas palavras e fortes imagens. É uma viagem poética pelo nosso passado, uma pequena amostra do que fomos e do que somos.

É preciso, sim, estar sempre atento, não deixar a indignação morrer, não esquecer o que vivemos,

lutar contra o atual estado de coisas em que nos encontramos, procurar uma luz que nos guie para o futuro.

Reviver o que fizeram com o nosso País – e nós, tão mansos, deixamos, e até participamos por vezes! – é uma boa maneira de refletir.

Pelo menos, temos sorte; podemos ver tudo viajando pelo texto da Dicássia, com suas frases certeiras, profundas e até dolorosas.

Podemos ver tudo pelos olhos da Lee Kauê, que nos presenteia com pinturas ricas, cheia de traços mágicos e imagens sentidas.

Dizem que expor nossos problemas ajuda a solucioná-los. E eu digo: apreciar uma obra de arte e saber entendê-la já é parte da solução.

Quando nos depararmos com algo assim, renovamos a esperança neste nosso Brasil. Então, por que não?


Majô de Souza